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domingo, fevereiro 03, 2008

EDUCAR PARA SER FELIZ

Todos temos ouvido e continuaremos a ouvir, nos mais diferentes tons, a frase “depois do 11 de Setembro já nada voltará a ser o que é era”. Esta frase refere-se não só ao facto das nossas cidades se tornaram cada vez mais inseguras, mas também a que o Ocidente vai ter de pensar doutra maneira, mais criativa, mais cuidadosa, mais solidária, mais humana.

Estas reflexões pausadas e sentidas surgiram numa conversa entre profissionais e pais de família. De uma maneira quase inevitável, a conversa centrou-se nos nossos filhos.

“PEQUENAS CONTABILIDADES”

Em matéria de educar, ouvia-se, temos que andar sempre à volta de pequenas contabilidades, como nos negócios, e refazer a caixa muitas vezes. A isso chamam os psicólogos “balanços existenciais”; ir sempre afinando, corrigindo... Como é cansativo educar e quantas vezes temos a tentação de desistir!

O assunto das “pequenas contabilidades ia-me dando volta à cabeça enquanto voltava a casa e pensava : no fundo, aquilo para que gostaríamos de educar os nossos filhos é para que fossem felizes. Só que, sinceramente, não acertamos, não o sabemos fazer...

O importante na vida não é ser mais esperto, mas mais feliz. O nosso cérebro não funciona à margem das circunstâncias e dos sentimentos. Tudo influi e se toca... Como os adolescentes recebem, nestes momentos, mais influências do que nunca e os pais pouco tempo têm para lhes dedicar, comenta Maurice J. Elias: “Apostamos numa educação de poucos pilares, mas básicos: amor, risos (o humor não é uma frivolidade mas uma autêntica vitamina psíquica), limites (os adolescentes precisam que se lhes marque o território para não se sentirem perdidos) e laços (o mesmo é dizer, para os ajudar a sair de si próprios e a “ver” os outros). Se pomos o amor em primeiro lugar é porque na educação, como em tudo, tem um papel decisivo. E não se trata de qualquer tipo de amor, mas do amor benevolente, com que se aprende a ser sábio; o amor que procura o bem da pessoa a quem ama.”

Amor, risos, limites, laços... e eu diria também tempo para lhes dedicar neste ofício de “artesanato” que é ser pais.

ENSINAR A SER FELIZ

Ou seja, a ser feliz, aprende-se...

A felicidade existe, é observável no ser humano e é para ela que todos tendemos. É a primeira inclinação primária do homem e para a qual se dirigem todos os seus esforços, mesmo nas situações mais difíceis e complexas em que se possa encontrar o ser humano. Trata-se de alguma coisa que temos de ensinar aos nossos filhos, ao mesmo tempo que o vamos aprendendo nós.

O seu objectivo é a plena realização pessoal que se concretiza em dois segmentos chave: ter-se encontrado a si próprio; quer dizer, ter uma personalidade sólida, com que uma pessoa se dê bem e ter um projecto de vida que não é outra coisa senão ir “conseguindo” essa personalidade.

A felicidade aprende-se e ensina-se e também o “infeliz” se faz.

É um facto inegável que existem pessoas felizes que encontramos ao longo da vida. Movem-se, quase sempre no terreno da simplicidade, da espontaneidade e, por isso, não perdem as pequenas felicidades de cada dia. São essas pessoas que sabem que a felicidade não é qualquer coisa que se encontre por acaso, ou que se recebe como um presente, mas que é necessário “trabalhar”, pois é uma opção que cada um tem de descobrir e desenvolver dentro de si próprio. Essas pessoas não se sentem desgraçadas por não terem sempre aquilo que querem, mas querem sempre o que têm de fazer e sabem ensinar os seus filhos a serem felizes também quando o êxito não sorri...

O “infeliz” também se constrói. Mas que fraca responsabilidade! Porque tudo, no ser humano, é aprendido, e nessa aprendizagem encontra-se a razão da nossa felicidade ou da nossa desgraça. Se isto é assim, os nossos filhos podem aprender a ser felizes em casa, na escola e na vida. Algumas mensagens escapam-se-nos demasiadas vezes, como “esta vida é uma porcaria”, “só vimos a esta vida para sofrer”... Ou talvez nos reconheçamos nessas profecias que lançamos aos filhos: “Nunca irás mudar, não fazes nada direito”; “és um inútil”; “isto é melhor que o faça eu”, ou então: “a mãe do Carlos é que tem razões para estar orgulhosa do seu filho...”

É com estas mensagens e outras semelhantes que vamos lançando nos nossos filhos o desalento, e assim, nós os adultos, convertemo-nos em profetas da desgraça, cortando o natural dinamismo que existe em toda a pessoa e que supõe sempre uma possibilidade de melhora. Existe sempre uma saída digna e, se não existir, temos de a inventar. Esta é a condição do ser humano: aprender quando acerta e quando erra, sabendo, além disso, que o mais interessante é o que está para vir. Se educarmos com esta confiança, geramos alegria.

FELICIDADE E ALEGRIA

De qualquer forma, educar para ser feliz e, além disso, ensiná-lo, não é nada fácil. Existe tanta desmotivação e tanto desconcerto à nossa volta!

A desmotivação leva, como que por um plano inclinado, ao aborrecimento, e este conduz a uma vida em que a palavra felicidade não aparece em parte nenhuma. Nunca como agora tivemos tantos meios para nos divertirmos e nunca estivemos tão aborrecidos pois, na realidade, o que, na maior parte das vezes, aborrece, não são as circunstâncias externas mas a própria vida, quando ela mesma não tem interesse.



A felicidade e a alegria ensinam-se. Trata-se de aproveitar as coisas simples e quotidianas sem descontrolar o nosso equilíbrio interior com uma procura ansiosa de satisfações, quase sempre materiais. Trata-se também de mostrar um sentido positivo perante as pessoas e os acontecimentos, de aceitar as próprias possibilidades e também as limitações. Na relação com os filhos, é preciso aceitá-los como são e porque o são.

A BOA EDUCAÇÃO


O termo “boa educação” refere-se, no terreno da educação e da família, a uma atitude de acolhimento para conseguir que os filhos se encontrem amorosamente recebidos e possam sentir-se “em casa” neste nosso mundo, algumas vezes, tão hostil.



Actualmente, um dos problemas candentes e mais graves na educação refere-se ao desenvolvimento afectivo dos filhos... É certo que todos nós, em qualquer idade, necessitamos dessa atitude de acolhimento que ajuda a ir solucionando as questões vitais. A felicidade, ou pelos menos a sua aproximação, faz parte dessa atitude.



A boa educação pressupõe reflectirmos sobre os valores que nós, os adultos, estamos a assumir para devolver aos nossos filhos a alegria da vida vivida. A boa educação tem grande apreço pelo ser humano e é capaz de optimizar (que significa ir tornando óptimas) as personalidades, uma a uma, pois sabe que o mundo melhora quando alguém melhora. A conduta pessoal (ainda que isto nos custe a acreditar, neste nosso mundo globalizado) tem sempre consequências cósmicas.

O triunfo da existência resulta do exercício da própria liberdade. Aprender a escolher, ser homens e mulheres que não recuam na procura que vai decifrando os enigmas da vida. Sem medos. Se ensinarmos a escolher, estamos a ensinar a ser felizes. Inclusivamente, quando não escolhermos, estamos a optar pela “não escolha”.

SOBRE O ENTUSIASMO
O entusiasmo encontra-se presente nos mais variados âmbitos da nossa vida, iluminando-a e enchendo-a de alegria. No entanto, existe por parte de alguns intelectuais, professores e não poucos pais, um esquecimento deste vocábulo, sendo chegada a hora de lhe dar o lugar que lhe corresponde na Antropologia, depois do cunho racionalista a que está submetida a nossa cultura ocidental.

Falar de entusiasmo, ou se quisermos, de entusiasmos, não significa falar de quimeras nem de utopias irrealizáveis, porque entusiasmo não é sinónimo de irrealismo. O entusiasmo é uma expressão do nosso estado de ânimo, que aponta para realidades possíveis e que traz consigo um dilema: prosseguir, admirando-nos perante o que temos pela frente (neste caso, os nossos filhos) ou aborrecermo-nos.

Aqui reside o segredo para ensinar a ser feliz e para viver a vida em tom de entusiasmo: sermos capazes de admirar, de nos entusiasmarmos com aquilo que já nos é familiar; ver com olhos novos aquilo que já é velho ao nosso olhar. É a redescoberta de determinados encontros com as coisas simples que cada dia da vida nos oferece. Um copo de água, um céu azul, um bocado de pão, contemplar o mar... são realidades que têm entidade suficiente para fazer vibrar a nossa alma, para conseguir o milagre de viver com entusiasmo.

A vida quotidiana, a de cada dia, a relacionada com o nosso trabalho, os nossos amores, transmite a muitas pessoas, entusiasmo e felicidade. No apreciar a alegria quotidiana está alguma coisa da felicidade secreta que todos procuramos, só que essas sensações são difíceis de descrever. São mais visíveis os efeitos dos cansaço, do aborrecimento a que nos leva a rotina, e por isso, as nossas conversas incidem mais sobre eles.

Além disso, assistimos na nossa sociedade, a uma tendência derrotista que leva a que se comentem mais as tristezas do que as alegrias. Curiosamente, existe uma clara diferença entre o que se diz e como se vive e, se nos dermos conta, somos mais felizes do que o que manifestamos realmente, mas não está na moda assumir a felicidade.

No fundo, intuímos que, para ser feliz, precisamos, como base, de uma atitude prévia positiva e isto, no nosso tempo, não é fácil. O queixismo é fruto de uma moda que talvez tenha procurado a simplicidade e a espontaneidade por um caminho errado, o de não dizer a verdade.

Desde logo, a educação dos nossos filhos tem muito a ver com a felicidade e é o resultado de tudo o que se vai fazendo com a vida, com a vida de cada um, para conseguir a felicidade. Isto é entusiasmante, ainda que seja trabalhoso, pois como sabemos, tudo o que vale a pena, custa.

PARA NÃO ESTAR DE REGRESSO: A ESPERANÇA

Na educação, felicidade significa procurar tirar o melhor partido de si mesmo e ensinar os outros a fazer o mesmo. Educar é procurar fazer alguma coisa que valha a pena, alguma coisa grande com as nossas possibilidades reais e de acordo com um projecto prévio, em que se dá lugar ao esforço. Não se conhece nenhuma meta na vida que se possa conseguir sem ele.

Contra o que podem sugerir as aves agoureiras desmotivadas: a esperança. Na estrutura da existência humana, a esperança é um valor, uma virtude radicalmente importante, que engloba, em si mesma, muitas coisas e, em primeiro lugar, o optimismo. Quem espera, espera um mundo melhor, pensa que este pode melhorar e por isso não se instala no presente, mas no futuro. Esperar é, antes de mais, ser optimista.

Em segundo lugar, o futuro é meu, mas depende do meu esforço. Se na educação, tal como na vida, o melhor é o que ainda está para vir, e não chegará sem contar comigo, então o futuro converte-se numa “tarefa” e uma tarefa deve contar com recursos, com riscos, com a intrepidez. O coração de quem espera está alegre porque se dirige para uma vitória.

Educar para ser feliz consiste em inspirar a inquietação de saber que ser feliz está para além do êxito, do presente e das próprias forças. Temos que pôr em acto a liberdade e misturarmo-nos com os “outros” em tarefas comuns que nos excedem e nos ampliam. O caminho da felicidade passa pelo “tu”, precisa de tempo e de sofrimento, é um caminho para dentro que pede para ser percorrido.
Nani Léon de Molina

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