
A sonda Messenger, da NASA, passará amanhã perto da superfície de Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol. Esta será a primeira de três tangentes, antes da sonda (aqui, numa imagem imaginada) assumir, em 2011, uma órbita estável.
Esta será a primeira missão a Mercúrio, em 33 anos. A última vez que uma sonda estudou este planeta foi em 1975, quando a Mariner 10, também da NASA, fez um voo próximo, tirando fotografias que são ainda as melhores existentes.
Na sua primeira passagem pelas proximidades da superfície de Mercúrio, a Messenger deverá tirar 1200 imagens de alta definição, mas estão a bordo outros instrumentos e os cientistas esperam que os dados permitam desafiar algumas das ideias hoje existentes sobre o sistema solar.
O planeta encerra grandes mistérios, aos quais a Mariner 10 não conseguiu responder: haverá gelo nos pólos? E de onde se forma a ténue atmosfera? A missão da Messenger começou em 2004, com o envio da sonda, mas só a partir de amanhã surgem os primeiros resultados. A sonda deverá concentrar-se no mapeamento da superfície (que a Mariner 10 só concluiu a 40% e apenas num dos hemisférios), mas também tentará responder a questões sobre a história geológica do planeta e esclarecer a origem do seu campo magnético, estrutura e dimensão do respectivo núcleo.
Logo na primeira passagem será observado o hemisfério que a Mariner 10 não conseguiu fotografar. Esta parte do planeta só é conhecida a partir da Terra. Pela primeira vez, haverá dados concretos sobre a composição mineralógica e química da superfície de Mercúrio. Será também estudada uma cratera de impacto, Caloris, com 1200 quilómetros de diâmetro e que a sonda anterior observou apenas parcialmente. Hoje, os cientistas têm uma ideia esquemática destes problemas.
A Messenger enviará dados durante apenas 90 minutos, para o Laboratório de Física Aplicada da Universidade de Johns Hopkins. O evento de amanhã não será ainda o fim da missão, que obrigou a sonda a uma complexa viagem em que foi utilizada a gravidade de Vénus e do Sol. Haverá uma segunda passagem em Outubro e uma terceira em 2009, antes da sonda estabilizar durante um ano na sua órbita elíptica final.
LUÍS NAVES
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