
Numa paragem cardíaca fora de uma estrutura médica, a massagem cardíaca externa, sem respiração boca-a-boca associada, pode ser a melhor técnica a empregar, segundo um estudo publicado hoje na revista médica britânica The Lancet.
Após terem analisado as taxas de sobrevivência de mais de quatro mil adultos vítimas de paragem cardíaca em presença de testemunhas sem formação médica na região de Kanto, no Japão, os investigadores consideram ser «preferível» apenas ser feita a massagem cardíaca externa (ou compressão toráxica).
Os resultados do estudo «SOS-Kanto», não mostraram «qualquer benefício ligado ao acrescento da ventilação por boca-a-boca» em caso de paragens cardíacas fora de um quadro hospitalar, concluem Ken Nagao, do Hospital Universitário de Nihon, no Japão, e os seus colegas.
No entanto, é preciso ter atenção num aspecto: estes resultados não dizem respeito a paragens respiratórias após afogamento ou após ter havido um consumo abusivo de uma droga ou de um medicamento, avisa um especialista.
Os investigadores japoneses partiram da constatação que a prática do boca-a-boca pode suscitar hesitações nas testemunhas, por medo de transmissão de uma infecção.
O estudo reportou sobre 4.068 pacientes que tiveram uma paragem cardíaca em presença de testemunhas sem formação médica ou paramédica, e em 72% dos casos não houve uma reanimação efectuada pelas testemunhas.
Dos 1.151 pacientes que beneficiaram de uma tentativa de reanimação, 439 apenas receberam uma massagem cardíaca e 712 receberam uma massagem acompanhada de respiração boca-a-boca, prática até agora aconselhada.
A massagem cardíaca por si só deu melhores resultados no plano da recuperação neurológica (duas vezes mais de sobrevivência com uma boa recuperação) do que a práticas até agora recomendada, revelam os investigadores.
«Este resultado deve conduzir a uma mudança das directivas», sublinha Gordon Ewy, da Universidade do Arizona, num comentário publicado na The Lancet, revelando que o «boca-a-boca» pode salvar alguém que esteja em paragem respiratória.
No que respeita a paragem cardíaca, «sabemos agora que a respiração artificial pode não só ser inútil como pode também ser prejudicial», refere o médico em comunicado.
Quando uma só pessoa alterna boca-a-boca e massagem cardíaca, como era aconselhado até hoje, existem «longas «interrupções» na massagem cardíaca externa. É de notar que a taxa de sobrevivência é mais elevada quando «o sangue tem um fraco teor de oxigénio mas continua a circular no corpo graças às compressões torácicas contínuas, do que quando o sangue tem um teor elevado de oxigénio mas não circula bem devido às interrupções das compressões torácicas», afirma o médico.
Diário Digital / Lusa
**********************************************
Aprenda a fazer massagem cardíaca

Bianca Piragibe
1) Coloque a vitima deitada de costas sobre uma superfície dura.
2) Sem interromper a respiração boca-a-boca, comece a massagem.
3) Para determinar o local em que a massagem deve ser feita, encontre, no meio do tórax, o osso esterno. Ele começa acima do estômago. Sua mão deve ser posicionada na metade inferior (isto é, entre a metade e a base) do osso.
4) Abra suas mãos e coloque uma sobre a outra. Você vai usar só a palma, mantendo os dedos esticados para cima. Em crianças pequenas, ao contrário, use os dedos, apenas. Meça a força de acordo com o tamanho da vítima.
5) Aperte o tórax da vítima, pressionando seu coração, e solte em seguida. Mantenha o ritmo de uma compressão por segundo.
6) Para ajudar a colocar pressão na massagem, deixe seu braços esticados.
7) A cada parada para fazer a respiração boca-a-boca, verifique se o pulso voltou. Para sentir a pulsação, coloque as pontas dos dedos indicador e médio na virilha ou no pescoço da vítima, ao lado da traqueia.
Dr. Marcelo Calil Burihan