
Quando se fala em Isaac Newton pensa-se na lei da gravitação universal. Porém, manuscritos do inglês, expostos pela primeira vez, na Universidade Hebraica de Jerusalém, revelam uma faceta sua menos conhecida. Mais esotérica do que científica. Acontece que, além de ter estabelecido as bases da mecânica, Newton também calculou, a partir de um texto bíblico, o ano em que o mundo deverá terminar: 2060 é, segundo ele, a data do apocalipse.
Apesar da estranha combinação de interesses, o rigor com que Newton se empenhou na compreensão dos segredos da física, parece ser uma característica que este homem - que viveu entre 1643-1727 - aplicou às formas alternativas com que tentou conhecer os segredos mundo, numa altura em que a ciência ainda não era totalmente alheia a um sincretismo que o método moderno de fabricar conhecimento arrumou no caixote das superstições e do oculto.
O lote dos manuscritos, que agora podem ser vistos, é composto por cerca de um milhão de palavras sobre alquimia e por três milhões acerca de teologia e profecias bíblicas, segundo refere a agência AFP, num texto publicado na edição electrónica do jornal espanhol El País.
Desta miríade de textos emerge algo que capta a atenção: a teoria que Newton apresenta sobre o último ano do mundo, com a fundamentação bíblica recolhida no livro de Daniel, a partir do qual deduziu que o fio da história seria truncado 1260 anos depois da refundação do Império Romano, pela mão de Carlos Magno, em 800. Feitas as contas, o universo tem um encontro marcado com o final dos tempos daqui a 53 anos, mais concretamente, em 2060.
Os textos em causa estão na posse da Universidade Hebraica de Jerusalém, desde 1969, depois de terem sido doados oito anos antes ao Estado de Israel, por Abraham Shalom Ezekiel Yahuda, um orientalista que havia comprado grande parte deles em 1936, num leilão, em Londres. Outra fatia importante acabou por ser arrebatada, nesse leilão, para a colecção pessoal do economista John Maynard Keynes. Esses textos constam agora do património do King`s College de Cambridge.
Os documentos, na posse da instituição de Jerusalém, foram dados a conhecer há cinco anos, mas nunca foram mostrados em público. Agora, a universidade divulgou «Os segredos de Newton», uma exposição de poderá dar a conhecer melhor quem é o homem sobre quem se conta que desvendou as leis da gravidade inspirado pelos movimentos da queda de uma maça.