
"Stop à Sida" é o mote do Dia Mundial de luta contra a doença
Mais de 32 mil casos de VIH/Sida estavam notificados em Portugal até finais de Setembro, quase metade em pessoas sem sintomas, segundo dados apresentados por especialistas nas vésperas do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que se assinala hoje. No último estudo sobre a população infectada a nível global, feito pela Organização Mundial de Saúde, conclui-se que há 33 milhões de pessoas vítimas da doença.
"Stop à Sida" é, este ano, o mote do Dia Mundial de luta contra a doença, para chamar a atenção para a Sida, que mata quatro pessoas em cada minuto, ou mais de 5.700 por dia, segundo a ONUsida. Publicadas em Novembro, as últimas estimativas daquela agência das Nações Unidas assinalam cerca de 6.800 novas contaminações por dia.
Para assinalar a data, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, participou numa cerimónia religiosa, à meia-noite, em Nova Iorque (EUA), apelando ao acesso universal à prevenção e tratamento da doença.
"A Sida é uma doença diferente das restantes, porque é um problema social, de direitos humanos e económico. Atinge os jovens adultos no momento em que estes deviam começar a contribuir para o desenvolvimento económico, atingir o crescimento intelectual e educar as suas crianças", disse.
Uma revisão das técnicas estatísticas permitiu à Organização Mundial de saúde aferir melhor o número de infectados a nível global: em vez de 40 são 33 milhões. O continente mais afectado é a África sub-sahariana com 22,5 milhões, dos quais mais de cinco milhões vivem na África do Sul.
O prémio Nobel da Paz, arcebispo Desmond Tutu, afirmou, ontem, em Pretória, capital sul-africana, ser inaceitável que 600 pessoas morram todos os dias no país, em consequência de infecções relacionadas com o VIH/SIDA.
Para Desmond Tutu, o governo merece ser elogiado pelo estabelecimento do Conselho Sul-Africano Contra a Sida, embora os planos elaborados não produzam quaisquer resultados antes de serem implementados na prática.
"Se derrotámos o apartheid também podemos derrotar esta praga", salientou Desmond Tutu, para quem as igrejas têm falhado no apoio às vítimas da SIDA, tratando-as muitas vezes como "leprosos dos tempos modernos".
Situação em Portugal
Segundo o mais recente relatório anual do Programa das Nações Unidas sobre a doença, o número de casos notificados torna Portugal o quarto dos países da Europa Ocidental que mais casos novos de infecções por VIH diagnosticou em 2006.
Entre as 32.205 pessoas com HIV registadas em Portugal, 43,8 por cento já apresentavam sida, o que representa um total acumulado de 14.110 até ao final de Setembro.
Ser seropositivo ao HIV (vírus da imunodeficiência humana) não significa necessariamente ter sida, uma vez que a doença só é definida quando existe a presença do vírus em conjugação com uma doença infecciosa (como a tuberculose ou pneumonia) ou com um tumor.
Em relação aos cerca de 18 mil casos notificados de HIV em pessoas que não tinham evoluído ainda para a Sida, a esmagadora maioria dos infectados não apresentava qualquer sintoma, segundo Elizabeth Pádua, do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.
A especialista sublinhou que se tem acentuado a tendência para um aumento de casos de sida no grupo dos heterossexuais, o que tem sido particularmente evidente nas mulheres.
Uma das explicações avançadas para Portugal ser um dos países da Europa Ocidental com maior número de notificações é, segundo o especialista em medicina interna, a falha na prevenção, que existe muito graças à escassez de campanhas.
O número de notificações poderá aumentar com um novo sistema, em vigor este ano, que prevê que o Ministério da Saúde pague anualmente às instituições de saúde por cada doente que inicia o programa de tratamento ao HIV.
Com Lusa