
Guida Vieira
Eles já não sabem o que fazem para controlar o chamado défice e agora vale tudo para não só tirar direitos às pessoas como até para pô-las a pagar o que têm e o que não têm. As medidas que foram propostas pela OCDE com o total apoio do Governo Português vão nesse sentido. É mesmo uma vergonha que ainda não estejam satisfeitos com o aumento no preço dos medicamentos e com a retirada de direitos aos desempregados, para não desfiar o rosário de todas as contas do desgoverno que impera neste País, e nesta Região, que fala muito em Autonomia, mas quando é para defender as pessoas o seu silêncio é ensurdecedor e preparam-se logo para aplicar na Madeira todas as medidas decididas pela República. Veja-se o que se passa com a Segurança Social.
Existem pessoas que ficam muito escandalizadas quando dizemos que devem ser os ricos a pagar a crise. Quando aparecem denúncias sobre negócios escuros no Off Shore da Madeira, onde a maioria das empresas que lá existem são fictícias, servem para negócios cujos contornos só investigações policiais é que revelam e para fugir aos impostos, leio tanto comentário de gente escandalizada alegando que é preciso defender os postos de trabalho lá criados. Sabe-se no entanto que a empresa com maior volume de dinheiro lá registada, só tem 4 trabalhadores. É caso dizer: e os burros somos nós?
Há mesmo quem considere tudo legal e legítimo. Mas o que me choca é que, quando é para apertar o cinto e o Governo anuncia que vai poupar 250 milhões na saúde e mais não sei quantos milhões nas prestações sociais, à custa dos pobres e dos desempregados, essas mesmas pessoas não demonstrem qualquer preocupação e assobiam para o lado como se não fosse nada com elas.
É chocante a insensibilidade social que alastra neste Portugal Republicano que comemora agora 100 anos. Com todos os erros cometidos os lutadores Republicanos mereciam mais e melhor nesta comemoração. Mas não, pelo contrário esta democracia dos ricos até permite que uma figurinha qualquer se sinta à vontade para propor que na Madeira fosse criado "o museu do assassino". Se não fosse tão ridícula esta questão merecia uma análise aprofundada.
E preparemo-nos que mais medidas vão surgir. Eles ainda nos vão continuar a esfolar congelando salários e pensões. O que eu não entendo é o que vai acontecer com a economia. Se as pessoas não têm dinheiro para gastar a economia não vai girar, vai ficar parada e aí a crise não vai ser maior? Confesso que me irrita bastante ver agora tanta gente que fez parte de vários governos ao longo destes anos se armarem em salvadores da Pátria, todos com ares de grandes inteligências. Mas quando abrem a boca só sabem falar em cortes sociais. Até parece que são os que trabalham e descontam que são os carrascos deste País.
É por isso que há cada vez mais pessoas a se questionar: para quê continuar a fazer descontos se cada vez tenho menos direitos e se aqueles que precisam da minha solidariedade recebem menos do Estado? Este é um problema sério que começa a colocar em causa a arquitectura do Estado solidário tão temido pela direita mas tão necessário para manter vivo o espírito do 25 de Abril.
Continuo a considerar que existe outro caminho. É preciso ter coragem política para atacar os interesses dos poderosos deste país e desta Região. É preciso acabar com o Off-Shore e com a fuga aos impostos. É preciso que os bancos paguem impostos como as empresas. É preciso criar um imposto sobre os ricos para ajudar a levar este País e esta Região para a frente. É preciso proibir o duplo emprego enquanto houver desemprego. É preciso cortar pensões a quem está empregado, ou recebe a pensão ou o salário. É preciso deixar respirar quem trabalha e quem cria emprego. Esses é que devem ser ajudados porque só o emprego é que pode gerar riqueza. É preciso acabar com tudo o que só complica e dá despesa como alguns Institutos Públicos e outros organismos inúteis. O que é preciso é outra política!
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