

A nova versão da aplicação Magic Eye permite controlar o rato do computador apenas com os olhos sem necessidade do utilizador manter a cabeça imóvel.
Nem sempre as ideias mais inovadoras surgem de universidades ou pólos de investigação instalados na faixa litoral do país. A demonstrar isso mesmo está o projecto «Magic Key», desenvolvido por um docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico da Guarda, que permite interagir com o computador apenas com o piscar dos olhos ou com movimentos da cabeça.
«O projecto começou a ser desenvolvido há cerca de três anos, procurando ajudar as pessoas com deficiência. Se pensarmos um pouco, o comum dos cidadãos, quando utiliza o computador, utiliza basicamente as mãos para aceder ao teclado e ao rato. E há que questionar: e as pessoas com dificuldades físicas e não podem usar as mãos?». Foi para responder a esta questão que foi desenvolvido o projecto, segundo revela o seu mentor, Luís Figueiredo.
«A Magic Key, é uma aplicação que permite que, com pequenos movimentos da cabeça e piscar dos olhos, se possa mexer no rato. Tudo isto de forma simples e funcional, possibilitando fazer muitas coisas só com o piscar do olho direito ou esquerdo», conta, acrescentando que todas as instalações são personalizadas, pois a preocupação é procurar perceber as capacidades da pessoa e potenciá-las.
O sistema funciona através da utilização de uma câmara Web ligada ao computador, de forma a serem adquiridas imagens da face do utilizador e, consequentemente, transmitidas à aplicação. A partir daí, define o ponto do monitor para o qual o utilizador está a olhar e posiciona, nesse local, o curso do rato. A interpretação da acção é validada pelo fechar do olho, como se estivesse a clicar no botão de um rato.
Ferramenta útil
«Uma pessoa que esteja 24h por dia deitada numa cama e que não pode fazer rigorosamente nada, que esteja dependente de outras pessoas, com o acesso ao computador abre-se um mundo novo e pode começar a contactar amigos, fazer chamadas, mandar mails, ir à Internet consultar uma conta bancária e comprar coisas. No fundo, pode entrar em contacto com o mundo», conta o mentor do projecto, considerando que o «Magic Key» procura ser «uma extensão das mãos que essas pessoas já não podem utilizar».
Essa independência surge como uma conquista e depende de uma tecnologia desenvolvida exclusivamente na Guarda, «com muitas dificuldades e poucos apoios». «A Magic Key existe há cerca de dois anos e os casos práticos vão-se multiplicando, não pelo valor que queria, porque existem outras pessoas com esta necessidade, mas a verdade é que somos poucos e não conseguimos divulgá-la devidamente», frisou.
«O equipamento não é muito caro, mas, dada a falta de apoios, usamos os custos para financiar o projecto. Gostávamos que fosse gratuito e até pode ser, porque está oficializado como ajuda técnica, pelo que para pessoas com deficiência pode ser financiado a 100%. No fundo, para os utilizadores, acaba por ser gratuito», refere o engenheiro Luís Figueiredo.
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