

Amadeo de Sousa Cardoso (1887-1918) nasceu em Manhufe(Amarante). Em 1905 veio para Lisboa para frequentar o curso de Arquitectura na Escola Superior de Belas-Artes, que interrompeu, ao partir para Paris no ano seguinte onde permaneceu até ao deflagrar da I Guerra Mundial, em 1914. Na capital francesa desistiu da intenção de ser arquitecto e decidiu-se pelo estudo da pintura, tendo travado amizade com o pintor italiano Amadeo Modigliani e convivido com outros pintores portugueses que aí se encontravam. Em 1911 expôs pela primeira vez no Salon des Indépendents, em 1912 publicou o album XX Dessins e em 1913 foi escolhido para integar na exposição Armory Show, em Nova York, juntamente com outros artistas como Picasso. Em Paris conheceu Juan Gris, Brancusi, Max Jacob, Archipenko, e os Delaunay, entre outros. De regresso a Portugal (1914), e até ao ano da sua morte (1918), teve contactos com Almada Negreiros e o grupo do Orpheu.
Precursor da arte moderna, morto prematuramente aos 31 anos de idade, Amadeo de Souza-Cardozo não teve oportunidade de ver seu trabalho reconhecido: seguiu a mesma trilha dos homens da vanguarda de todos os tempos e de todas actividades, administrando a incompreensão alheia. A humanidade custa a aceitar novos processos ou idéias diferenciadas e assim, para os precursores, a apreciação objectiva e o coroamento de seus esforços se dá, ou no final da vida, ou somente após sua morte.
Nascido em 1887 e falecido em 1918, as primeiras experiências de Souza-Cardozo se deram no desenho, especialmente como caricaturista. Aos 19 anos, mudou-se para Paris, tomando contacto primeiro com o Impressionismo e depois com o Expressionismo e o Cubismo.
Valeu-lhe muito sua aproximação com Amadeu Modigliani, de quem se tornou um grande amigo, compartilhando com ele um atelier e até realizando exposições juntos, em 1911.
Preso ainda ao traço, em 1912 publicou um álbum com 20 desenhos e em seguida, «com paciência de beneditino» copiou o conto de Flaubert La légende de Saint Julien l’Hospitalier, trabalhos ignorados pelo apreciadores de arte. Este último trabalho, depois de ficar por muitos anos nas mãos do editor, acabou sendo adquirido pela própria viúva do pintor, para evitar que fosse destruído.
Depois de participar de uma exposição nos Estados Unidos, em 1913, voltou a Portugal, onde teve a ousadia de realizar duas exposições, respectivamente em Porto e em Lisboa, causando entre seus patrícios, o mesmo escândalo que seria provocado no Brasil, anos mais tarde, por Anita Malfatti: suas obras foram criticadas, ridicularizadas e, em momentos, houve até confronto físico entre críticos e defensores da arte moderna.

Com o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918, surgiria a grande oportunidade de desenvolver e encontrar reconhecimento de sua obra, mas Souza-Cardoso não teve tempo para esperar. Morreu nesse mesmo ano e muito tempo se passou até que as opiniões fossem revistas e seu nome ocupasse o devido lugar na história da pintura portuguesa.
Em 1925, a França realizou uma retrospectiva do pintor, com 150 trabalhos, bem aceitos pelo público e pela crítica. Dez anos depois, em Portugal, foi criado um prémio para distinguir pintores modernistas, que recebeu o nome de «Prêmio Souza-Cardoso». Em 1953, a Biblioteca-Museu de Amarante, sua cidade natal, deu a uma de suas salas o nome do pintor. Em 1958, a Casa de Portugal, em Paris, realizou uma exposição de suas obras.
Lentamente, à medida em que os preconceitos com relação ao modernismo foram sendo afastados, o nome de Souza-Cardoso ganhou a devida importância em Portugal. Ninguém é culpado. Ele era um visionário, vivia fora de seu tempo, tal como outros tantos, pagou um alto preço por isso.
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